quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Words.

O inesquecível passeia.
A vida revigora.
O amor carrega uma canção.
A saudade esquecida é um rincão de horizonte inimaginável.


            Solavanco

Um terrível rio se aproxima.
Sua cor profunda precipita.
A margem pontua-se pequena.
Mártir ou suicida?

Poeiras estancam sobre a prateleira
Leitura velha, paredes descascadas.
Fotos e sombras.
O elefante enfurecido desperta
A nau deflagra e o rio o consome sem piedade.



           Os adormecidos

Agora.
Depois de Cristo.
O tempo é parado, quase nulo.
As horas, o horário de verão,
As noites quentes e os peixes do rio.

O horizonte quando riscado de relâmpagos.
As árvores quando se ventam.
Os dias que escondem premissas futuras.
O que se mimetiza se aproxima.
            Dormir, acordar, despertar sem que se morra.
            (d.C)

Uma fileira imensa se abre.
E o matiz se penumbra ou colore.
O coqueiro é a torre.
E do alto,
Algo se apronta para nascer de novo.






Pífio

                        A felicidade
quisera eu.

A contra vento
o infortúnio de encontro.

A tristeza
que em mim está,
anula a realidade.

Nesse tempo que se alonga
penso intempéries suaves
para não poder desistir.





Anônima

Escuto o barulho da chuva,
                        há relâmpagos entrecortados
                        trotes de água deslizam o telhado
                        e o trovão tem alma e solidez anônima.

                        Torrencial
                        e a vida permanece inócua.
                        A visão se degenera e se transporta.
                        Há um mundo em cada
                        instante.

                        Embebido de torpor,
                        e de ficção,
                        imagino-me.
                       

                       
            Aeroformas


Solidão
esquecida e única.
Névoa em tempo comprido
inunda.

Esta vasta paisagem não tem fim.
Da janela este quadro
mimetiza-se.



O pequeno ser incrustado sobre o caminho de chão
ainda espera.





                        Ele.


O  tempo range.

O homem sem amor

serena.

As estrelas  caem solitarias no abismo.

O desenho do vulto sob a calçada

vai se apagando a cada amanhecer.





Faz chover.


Chove.

O cinza torrencial ofusca e, quase cego,

comprometo angústias e alucinações.

O invencível gira um mundo incrédulo e

uma anatomia disforme se apossa.

O infinito turva adiante.

A esquina não continua.

O legado de uma história

em uma não ficção.




Living.


A casa está vazia.

Agora dorme o inesquecível ser

em alento vazio.

Lá fora estremecem dinossauros

em um tempo perdido.



O sono não adormece

e nem um cigarro é perdido.

Amanhã quando o novo aparecer

rangerá ao ouvido uma dor não esquecida.



















Realidade guardada

Eu era pequeno. A chuva me assustava e cobria o telhado alto, relâmpagos desnorteados fotografavam os instantes entre telhas de vidro dispersas. O tempo
abocanhava poderosamente a minha vida.

O barulho das goteiras salpicando sobre o balde de aparar água de chuva.
O ronco do meu pai e o sono gostoso de minha mãe. Minha irmã mumificada entre os cobertores, pensando barulhos monstruosos iguais aos meus.

O que foi escrito nesta leva de tempo
anda perdido nos ares do armazém antigo.

O futuro reescreve outros indícios vividos,
mas eu ainda vivo ali,
daquelas memórias.










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