terça-feira, 19 de outubro de 2010

...


Drama.


Vaga em mim o propósito.
Outrora o caminho leve e desapercebido.

Vago em dimensão atômica, descomunal.


Sine qua non o veludo pesado.



Marcos de Castro

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

...

Síntese

Chuva
Devagar os murmúrios
Ouvir calado
o que cai.


A árvore venta e leva a cor do ipê
A saudade ventada não inventa
A pequena coisa
A grande descoberta
Vieram do céu.


Marcos de Castro

terça-feira, 12 de outubro de 2010

allegoria

Allegoria

De olho
Vesgo ao mundo
Vago tempo percorrido
Nulo o rio verde e o céu de luar arrebatador
Seco solo caminhado
O que acontece?
O inexplicável e a alegoria
Bizarra alegoria.


Marcos de Castro

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

"Milhões de rosas para esta grave melancolia, milhões de rosas, milhões de castigos..." Mário de Andrade

Lira

Leve tempo
Ultra velocidade
Estou aqui.
É verdade que ontem quase chorei
Também pulsou a terra aos meus pés

De uma distância inenarrável
Sou depositado.
Vende-se pedaços de poesia
De risos e farta compania
Ainda que quase tenha acreditado
Que o mundo inexista a mim
Por não ter-me visto.


Marcos de Castro
Manhattan

A solidão encontrada ao parque
O cidadão que caminha pousa na terra o sonho
A cidade horizonta-se
O vento celebra as copas das árvores

Eu celebro a mim mesmo
O oco, a mediocridade
O ócio, o café curto
A ficção.


Marcos de Castro

"Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cincoenta, mas um dia afinal eu toparei comigo... Tenhamos paciência, andorinhas curtas, só o esquecimento é que condensa. E então minha alma servirá de abrigo." Mário de Andrade

Sombra

Só uma imagem
a que apresentou-se inquieta
ronda as matizes deste tempo
e sombreia o horizonte inquietante.

Outrora cantei sortilégios.
Canto agora para que a chuva caia
Insessante.
Nesta ávida água deposito fragmentos.
Para acordar.


Marcos de Castro