terça-feira, 9 de novembro de 2010

lexos

O caminho de partida.


Comecei pensando em como deveria acordar naquele outro dia. Pálido ou corado, vesgo ou amputado. Ambos os sentimentos de impropriedade estavam ali estigmatizados e sem pudor. Mas ainda era noite. Estava então vivo e vestido de uma luz perene, quase sombra.  Vagava entre a alegria e algo muito atual, de sentimento ardido e sombrio.
Não me abstive de lágrimas, mas sim de surtos desafiadores. Procurei me reservar do passado para compreender magnitudes demasiadas. Cozer na madrugada como nunca e único. Coberto de uma solidão de horizonte no singular.
Vejo pendurada a parede o meu retrato. Quisera eu ali aniquilado para sempre. É este ser, de contemporâneos estranho e mesquinho quem me traz o oxigênio para o momento.

Morto àquele que no meio da madrugada é fingidor.

Reservei um copo de água gelada. O calor estava enlouquecido e desértico...
O oásis, o coqueiro solto na pequena ilha desenhada, o porteiro do prédio que soletra a minha possível entrada, o volante entorpecido de encontro ao motoqueiro, as ruas, os segredos, o arquiteto, o céu por cima, o plano sem horizonte...

O sono como redenção.


Marcos de Castro

Nenhum comentário:

Postar um comentário